sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A glória da segunda casa



Sinceramente, ultimamente falar com evangélico neo-pentecostal tem se tornado uma tarefa desgastante. Pior ainda aqueles que vem com jargões e palavras como restituição, restauração, dupla honra, ano de Davi, ano de Eva (Eva?). Ai voce pergunta o que Deus falou com o cidadão e ela vem com a historia que a gloria da segunda casa será maior que a primeira. Interesseiros a procura de vida boa!

Vamos lá, primeiro sobre a glória da segunda casa. “Dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados, e te derribarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visitação” (Lucas 19:42 ao 44).

Do alto do monte das Oliveiras Jesus olhava sobre Jerusalém. Lindo e calmo era o cenário que diante d’Ele se apresentava. Era o tempo da Páscoa, e de todas as terras os filhos de Jacó haviam ali se reunido para juntos celebrarem a grande festa nacional. A filha de Sião parecia dizer em seu orgulho: “Estou assentada como rainha e não verei o pranto,” sendo ela tão formosa e então julgando-se tão segura a favor do Céu, como quando, séculos antes, o poeta real cantara: “De bela e alta situação, alegria de toda terra é o monte Sião aos lados do norte, a cidade do grande Rei” (Salmos 48:2). Bem à vista estavam os magníficos edifícios do templo. Os raios do sol iluminavam a brancura de suas paredes de mármore, e refletia no portal de ouro, na torre e no pináculo. Qual “perfeição de formosura,” levantava-se com orgulho a nação judaica. Que filho de Israel não poderia contemplar aquele cenário sem estremecer de alegria e admiração? Entretanto, pensamentos muito diferentes ocupavam a mente de Jesus. “Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela.” (Lucas 19:41). Ele, o prometido de Israel, o Filho de Deus, em cujo poder venceria a morte e do túmulo chamaria os cativos, estava em pranto não em consequência de uma mágoa comum, mas envolto em uma agonia intensa.

Suas lágrimas não eram por Si mesmo consciente do bem para onde Seus passos O levariam. Diante dele encontrava-se o Getêmani, cenário de sua próxima agonia a saber, a cruz onde levaria sobre si a culpa de toda uma humanidade perversa, pecaminosa e corrupta. Também à sua frente estava a porta das ovelhas onde durante séculos tinham sido conduzidos animais para o sacrifício no templo, e que Lhe deveria abria quando fosse “como um cordeiro” “levado ao matadouro”. Isaias 53:7. Não muito distante estava o Calvário, o local da crucificação. Mas ao seu olhar, não eram essas as cenas que Lhe trazia tão grande angústia, em tal hora de alegria para todos os demais. Chorava ele pela sorte dos milhares de Jerusalém, por causa da cegueira e do orgulho daqueles que Ele viera abençoar e salvar.

Jerusalém fora honrada por Deus acima de toda a Terra. Sião foi eleita pelo Senhor, que a desejou “para Sua habitação” (Salmo 132:13). Ali, durante séculos profetas haviam proferido mensagens de advertência. Sacerdotes ali haviam agitado os incensários com suas nuvens de incenso, com as orações dos adoradores, subira perante Deus. Ali, diariamente, se oferecera o sangue dos cordeiros mortos, apontando para o futuro Cordeiro de Deus. Mas a história daquele povo foi um registro de apostasia e rebelião. Haviam resistido à graça do céu, abusado de seus privilégios e menosprezado as oportunidades.

Israel zombou dos mensageiros de Deus, desprezando suas palavras, e perseguindo seus profetas. “Eles, porém, zombavam dos mensageiros de Deus, desprezam as suas palavras e mofando dos seus profetas, até que o furor do Senhor subiu tanto contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve”. (II Crônicas 36:16). Apesar das repetidas rejeições sua misericórdia continuou a interceder. Com o maior amor, Deus lhes havia enviado “Sua palavra pelos seus mensageiros, madrugando e enviando, porque se compadeceu de Seu povo e de Sua habitação” (II Crônicas 36:15). Quando admoestações, avisos haviam falhado, enviou ainda o melhor dom do Céu, mais ainda, derramou todo o Céu naquele único dom, Jesus Cristo.O próprio Filho de Deus foi enviado para convidar à salvação a cidade impertinente.

Durante três anos o Senhor da glória e luz entrava e saia entre o Seu povo. “Ele andou fazendo o bem, e curando a todos os oprimidos do diabo” (Atos 10:38). “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos” (Lucas 4:18) “Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mateus 11:5). A todas essas classes igualmente foi dirigido o gracioso convite: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vou aliviarei” (Mateus 11:28).

Enquanto lhe fossem recompensado o bem com o mal e o seu amor com o ódio (Salmo 109:5), Ele prosseguiu firme na Sua missão de misericórdia. Jamais eram rejeitados os que buscavam a Sua graça. Mas Israel se desviara do Seu melhor Amigo e Auxiliador. Os rogos de seu amor haviam sido desprezados, Seus conselhos repelidos, ridicularizadas suas advertências. Aquele que unicamente poderia os salvar da condenação, fora menosprezado, rejeitado, injuriado, e logo seria crucificado. Quando Cristo estivesse suspenso na cruz do Calvário, teria terminado o tempo de Israel como nação favorecida e abençoada por Deus. Porém, quando Cristo olhava sobre Jerusalém, achava-se perante ele a condenação de uma cidade inteira, de toda uma nação.

Profetas haviam chorado a apostasia de Israel. Jeremias desejava que seus olhos fossem uma fonte de lágrimas, para que pudesse chorar dia e noite pela morte da filha de teu povo (Jerusalém), pelo rebanho do Senhor que havia sido levado ao cativeiro (Jeremias 9:1; 13:17). Via entregue às chamas o e belo templo, os palácios e torres, e no seu lugar restariam apenas escombros, um monte de ruínas. Nos castigos prestes a cair sobre Seus filhos, não via Ele senão o primeiro gole daquela primeira taça de ira que no juízo final deveria esgotar. O terno amor, a piedade divina encontraram expressão nessas melancólicas palavras: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!” (Mateus 23:37). Se tivessem conhecido, como nação favorecida acima de todas as outras, o tempo de sua visitação, nada disso teria acontecido. Pela sua destruição, unicamente foi responsável ela mesma. “E não queres vir a Mim para terdes vida” (João 5:40).

A majestade dos Céus em pranto! O filho do infinito Deus perturbado em espírito, curvando em angústia! Revela-nos a imensa malignidade do pecado, mostra quão difícil é, mesmo para o poder infinito, salvar o culpado das conseqüências da desobediência da Palavra de Deus.

Jesus olhando para nossa geração, vê da mesma maneira que via Jerusalém naquele dia. O mundo envolvido em engano semelhante ao que produziu a destruição de Jerusalém. O grande pecado dos judeus foi rejeitarem a Cristo; o grande pecado do mundo cristão está sendo o fato de rejeitarem o Fundamento de seu governo no Céu e na Terra. Rejeitarem sua graça, rejeitarem sua palavra e seu evangelho, vivendo e apresentado às outras pessoas outro evangelho, não o da Bíblia. Milhões na servidão do pecado, escravos de Satanás, condenados a sofrer a segunda morte, recusando-se escutar as palavras da verdade. Terrível cegueira! estranha presunção!

Dois dias antes da Páscoa, quando Cristo pela ultima vez se afastara do templo, depois de ter denunciado a hipocrisia dos príncipes judeus, mais uma vez assenta-se ao mote das Oliveiras com seus discípulos, vendo a imponente cidade. Mais uma vez se depara com o deslumbrante templo em seu esplendor.

Mil anos antes, o salmista engrandeceu o favor de Deus para com Israel fazendo da casa sagrada Sua morada: “Em Salém está o Seu tabernáculo, e Sua morada em Sião” (Salmo 76:2). Ele “elegeu a tribo de Judá; o monte de Sião que Ele amava. E edificou Seu santuário como aos lugares elevados” (Salmos 78:68 e 69). O primeiro templo foi construído durante o período mais próspero da história de Israel. Salomão, o mais sábio dos monarcas de Israel completou a obra. Esse edifício foi a mais magnífica de todas as construções que o mundo já viu. Porém, o Senhor declarou através do profeta Ageu relativamente ao segundo templo: “A glória da última casa será maior que da primeira” “Farei tremer todas as nações e virá o Desejado de todas as nações e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos exércitos” (Ageu 2:9 e 7).

Depois da destruição do primeiro templo por Nabucodonozor, foi reconstruído aproximadamente quinhentos anos antes do nascimento de Cristo, por um povo que ao longo do cativeiro, voltara a um país devastado e quase deserto. Havia entre eles homens idosos que tinham visto a glória do templo de Salomão e choraram junto ao alicerce do novo edifício a ser construído. O sentimento que prevalecia é descrito pelo profeta: “Quem há entre vós que tendo ficado, viu esta casa na sua primeira glória? E como vedes agora? Não é nada comparada com aquela?” (Ageu 2:3; Esdras 3:12). Então foi feita a promessa de que a glória da ultima casa seria maior do que da anterior.

Mas o segundo templo não se igualou em magnificência, nem foi consagrado pelos visíveis sinais da presença divina que o primeiro tivera. Não houve manifestação de poder sobrenatural para confirmar seu poder. Nenhuma nuvem de glória foi vista a encher o santuário recém-construído. Nenhum fogo do Céu desceu para consumir o sacrifício sobre o altar. O “Shekinah” não mais habitava entre os querubins no lugar santíssimo, a arca, o propiciatório, as tábuas do testemunho não mais se encontravam ali. Nenhuma voz ecoava do céu ao sacerdote, trazendo a palavra de Jeová.

Durante séculos os judeus se esforçaram por mostrar que a promessa de Deus feita por Ageu tinha se cumprido, porém o orgulho e a incredulidade lhes cegavam os olhos para compreender o verdadeiro sentido das palavras do profeta. O segundo templo não foi honrado com a nuvem de glória de Jeová, mas com a presença d’Aquele que enviaria o Consolador, o Espírito Santo que deveria habitar não em templos construídos por mãos de homens, mas em cada um de nós, pois somos nós o templo do Espírito. Com a presença de Cristo, e com ela somente, a segunda casa excedeu a primeira em glória. Mas Israel afastou de si o dom do Céu. Que lhe foi oferecido, e a glória do Senhor para sempre se retirara do templo. Já eram cumpridas as palavras do Salvador: “Eis que a vossa casa vai ficar deserta” (Mateus 23:38).

Os discípulos ficaram cheios de espanto e admiração ante a profecia de Cristo acerca da destruição do Templo, e desejavam compreender melhor o sentido de suas palavras. Riquezas, trabalhos e perícia arquitetônica haviam por mais de quarenta anos haviam sido utilizadas para engrandecer seu esplendor. Herodes, o Grande, doou tanto riquezas romanas quanto tesouros judeus, mesmo o imperador do mundo tinha contribuído na construção do belo templo. Blocos maciços de mármore branco haviam sido trazidos de Roma para este fim, formavam parte de sua estrutura e para eles chamavam a atenção do mestre: “Mestre, lha que pedras, e que edifícios!” (Marcos 13:1).

A estas palavras deu Jesus e surpreendente resposta: “Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mateus 24:2). Mas Cristo disse: “os céus e a terra passarão, mas minhas palavras não hão de passar” (Mateus 24:35). Por causa de seus pecados foi anunciada a ira contra Jerusalém, e sua incredulidade trouxe-lhes seu destino.

O Senhor havia declarado através do profeta Miquéias: “Ouvi agora isto, vós chefes da casa de Jacó, e vós governantes da casa de Israel, que abominais a justiça e perverteis tudo o que é direito, edificando a Sião com sangue, e a Jerusalém com injustiça. Os seus chefes dão as sentenças por presentes,, e os seus sacerdotes ensinam por dinheiro, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? nenhum mal nos sobrevirá. Portanto, por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa em lugares altos dum bosque”. (Miquéias 3:9 ao 11).

Essas palavras descreviam fielmente os habitantes de Jerusalém. Odiavam a Cristo porque sua pureza e santidade revelava sua iniqüidade. Entretanto, sabendo eles que o Mestre não tinha pecado, declararam que Sua morte era necessária para sua segurança como nação. “Se O deixarmos assim,” disseram os chefes dos judeus, “todos crerão nEle, e virão os romanos, e tirar-nos-ão nosso lugar como nação” (João 11:48). Pensavam eles, que se Cristo fosse crucificado, poderiam mais uma vez se tornar um povo forte, unido. Assim raciocinavam, e concordavam com a decisão de seu sumo sacerdote de que seria melhor morreu um homem do que perecer toda a nação.

Assim os dirigentes judeus edificaram “Sião com sangue, e a Jerusalém com injustiça.” E ao mesmo tempo matavam seu Salvador porque condenava seus pecados. “Portanto” continuou o profeta “por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o alto desta casa em lugares altos dum bosque.”. (Miquéias 3:12). Durante quase quarenta anos depois que a condenação de Jerusalém foi pronunciada por Cristo, retardou o Senhor a destruição da cidade e nação.

A parábola da árvore infrutífera representava o trato de Deus com sua nação judaica. Muitos haviam entre os judeus que eram ignorantes quanto ao caráter de Cristo. Mediante a pregação dos apóstolos e de seus cooperadores, Deus faria com que a luz resplandecesse sobre eles; a profecia se cumpriria, não somente do nascimento e vida de Cristo, mas também em sua morte e ressurreição.

A longanimidade de Deus para com Jerusalém, apenas confirmou os judeus em sua obstinada impertinência. Em seu ódio e crueldade com os discípulos de Jesus, rejeitaram seu último oferecimento de misericórdia. Afastou então Deus deles sua proteção, retirando o poder com que restringia a Satanás e seus anjos, de maneira que a nação ficou sob o controle do chefe que haviam escolhido. Os homens não raciocinavam, achavam-se fora da razão, dirigidos pelo impulso e cega raiva. Tornaram-se satânicos em sua crueldade. Os judeus haviam aceitado falso testemunho para condenar o inocente filho de Deus. O temor de Deus não mais os perturbaria. Satanás estava à frente da nação e as mais altas autoridades civis e religiosas estavam sob seu domínio.

Os chefes das facções oponentes por vezes se uniam para saquear e torturar suas vítimas, fazendo impiedosa matança. Adoradores eram assassinados diante do altar, e o templo contaminava-se com corpos de mortos. Porém declaravam em sua cega e blasfema presunção que não tinha receio de Jerusalém ser destruída, pois era a própria cidade de Deus. Israel tinha na verdade, negligenciado a proteção divina e agora não tinha defesa. Infeliz Jerusalém!

Todas as predições feitas por Cristo relativas à destruição de Jerusalém tinham sido cumpridas à letra. Os judeus experimentaram a verdade de Suas palavras de advertência: “Com a medida que tiverdes medido, vos hão de medir a vós” (Mateus 7:2). Assim apareceram sinais anunciando a condenação. Ao meio da noite resplandeceu uma luz sobrenatural sobre o templo e o altar. Sobre as nuvens, ao pôr do sol, desenhavam-se carros e homens de guerra reunindo-se para a batalha. Os sacerdotes que ministravam a noite no santuário, aterrorizavam-se com sons misteriosos; a terra tremia e ouvia multidão de vozes a clamar: “Partamos daqui!”. A grande porta oriental, tão pesada que dificilmente podia ser fechada por uns vinte homens, e se achava segura por imensas barras de ferro fixas profundamente no pavimento de pedra sólida, abriu-se à meia-noite, independente de qualquer agente visível – História dos Judeus, de Milman, livro 13.

Nenhum cristão pereceu na destruição de Jerusalém. Cristo fizera aos seus discípulos o aviso, e aguardavam o sinal prometido. “Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei que é chegada a hora da desolação. Então os que estiverem na Judéia que fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, saiam.” (Lucas 21:20 e 21).

Os chefes romanos esforçaram-se por espalhar terror aos judeus, e assim faze-los render-se. Os prisioneiros que resistiram ao cair presos, eram açoitados, torturados e crucificados diante do muro da cidade. Centenas eram diariamente mortos dessa maneira, em tão número que não havia espaço para se mover entre os corpos. De tão terrível maneira foram castigados segundo sua própria sentença: “Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco. E todo o povo respondeu: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos”. (Mateus 27:25).

A cega rebeldia dos chefes dos judeus e dos abomináveis crimes penetrados dentro da cidade sitiada, excitaram o horror e a indignação dos romanos, e Tito, filho do imperador romano Vespasiano, liderando a tomada e destruição de Jerusalém no ano 70 d. C., então resolveu tomar o templo de assalto. Decidiu porém, que o mesmo até poderia ser poupado de ser destruído. Mas suas ordens foram desatendidas. Depois que ele se retirou para sua tenda à noite, os judeus saindo de dentro do templo, atacaram os soldados romanos. Na luta um soldado arremessou uma flecha de fogo através de uma abertura no pórtico, e imediatamente as salas revestidas em madeira, incendiaram-se.

Tito precipitou-se para o local, seguido de seus generais e legionários e ordenou aos soldados que apagassem as labaredas. Suas palavras não foram atendidas. O sangue corria como água pelas escadas do templo abaixo. Milhares e milhares de judeus morreram. Acima do ruído da batalha ouvia-se: “Icabode!” – foi-se a glória. Tito achou impossível deter a fúria dos soldados, entrou com seus oficiais e examinou o interior do edifício sagrado. As chamas ainda não haviam penetrado no lugar santo, fez um ultimo esforço para salva-lo. O centurião Liberalis esforçou-se em impor obediência com seu estado maior; mas o próprio respeito para com o imperador cedeu lugar para contra os judeus, à esperança insaciável do saque. Um soldado, sem ser percebido, arrojou uma tocha acesa por entre as dobradiças da porta. O edifício todo por um tempo ficou em chamas. A escura fumaça e fogo obrigaram os oficiais a retirar-se, e o nobre edifício foi abandonado à sua sorte.

“Era um pavoroso espetáculo aos romanos; e seria ele para os judeus? Todo o alto da colina que dominava a cidade ardia em chamas como um vulcão. Um após os outros caíram os edifícios, com tremendo estrondo, e foram absolvidos pelo abismo. Os tetos de madeira assemelhavam-se a lençóis de fogo; os pináculos dourados resplandeciam como pontas de luz vermelha; as torres dos portais enviavam para cima altas colunas de chama e fumaça. O morticínio, do lado de dentro, era até mais terrível do que o espetáculo do lado de fora. Homens e mulheres, velhos e moços, insurgentes e sacerdotes, os que combatiam os que imploravam por misericórdia, eram retalhados em indiscriminada carnificina. O número de mortos excedeu ao dos matadores. Os legionários tiveram de trepar sobre o monte de cadáveres para prosseguir a obra de extermínio” História dos judeus, de Milman, Livro 16. Depois da destruição do templo, a cidade inteira logo caiu nas mãos dos romanos. Os chefes dos judeus abandonaram as torres, e Tito as achou desertas. Tanto a cidade como o templo foram arrasados até os fundamentos, e o terreno em que se erguia o templo foi lavrado como um bosque. “Miquéias, o morastita, profetizou nos dias de Ezequias, rei de Judá, e falou a todo o povo de Judá, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de ruínas, e o monte desta casa como os altos de um bosque. (Jeremias 26:18).

Tito, o general romano e filho do imperador, posteriormente se tornou o próprio imperador de Roma, assumindo o lugar de seu pai Vespasiano, entre suas obras destaca-se a inauguração do Coliseu, no ano 80 d. C., construção que seu pai iniciara. Prometia ser ele um imperador à altura do seu pai, mas o seu breve reinado foi marcado por catástrofes. Em 24 de Agosto de 79, o vulcão Vesúvio destruiu as cidades de Pompéia e Herculano e, em 80, Roma foi de novo consumida por um incêndio. Tito reinou somente dois anos.

Disse ainda o profeta: “Pela tua perda ó Israel, te rebelaste contra Mim”, “pelos teus pecados, tens caído” (Oséias 13:9; 14:1). Pela obstinada rejeição do amor e misericórdia divina, os judeus fizeram com que a proteção de Deus fosse deles retirada, e permitiu-se a Satanás dirigi-los segundo sua vontade. As horríveis crueldades executadas na destruição de Jerusalém são uma demonstração do poder vingador de Satanás sob os que se rendem ao seu controle.

Não podemos calcular quanto devemos a Cristo pela paz e proteção que gozamos. É o poder de Deus que impede que a humanidade passe completamente para o domínio de Satanás em nossos dias. Os desobedientes e ingratos tem grande motivo de gratidão pela misericórdia e longanimidade de Deus, que contém o cruel e pernicioso poder do maligno. Quando, porém, os homens rejeitam a vontade de Deus e o Sacrifício verdadeiro de Cristo na cruz, a restrição é removida. Deus não fica em relação ao pecador como executor da sentença contra sua transgressão, mas os deixa entregues a si mesmos os que rejeitam Sua misericórdia, para colherem aquilo que semearam. Cada raio de luz rejeitado, cada advertência desprezada ou menosprezada, cada heresia, cada distorção do evangelho da verdade, é uma semente lançada, a qual produz semelhante colheita.

A destruição de Jerusalém constitui tremenda e solene advertência a todos os que estão tratando levianamente com oferecimentos da graça de Deus e resistindo à misericórdia de Deus.

A profecia do Salvador relativa aos juízos que deveriam cair sobre Jerusalém há de ter outro cumprimento, do qual aquela terrível desolação não foi a sombra do que está por vir ao mundo. Entretanto, a cena ainda mais tenebrosa se apresenta nas revelações contidas nas Sagradas Escrituras referentes aos dias nos quais vivemos. Os registros do passado, que são, em contraste com os terrores daquele dia em que o Espírito de Deus será totalmente retirado. O mundo contemplará então, como nunca antes, os resultados do governo de Satanás. Mas naquele dia, bem como na ocasião da destruição de Jerusalém, livrar-se-á o povo de Deus, “todo aquele que estiver inscrito entre os vivos” (Isaias 4:3). Cristo declarou que virá a segunda vez para reunira Si seus fieis: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus”. (Mateus 34:30 e 31) Então os que não obedecem ao evangelho serão consumidos pelo espírito de Sua boca, e serão destruídos pelo resplendor de sua vinda (II Tessalonissenses 2:8). Como o antigo Israel, os ímpios destroem-se a sí mesmos, caem em iniquidade. Em conseqüência de uma vida de pecados e desviando-se da verdade, e tão fora da harmonia com Deus, que sua natureza tornou-se tão voltada para o mal, que a manifestação da glória divina é como um fogo consumidor.

Acautelem-se os homens para que não aconteça negligenciarem a lição que lhes é pronunciada pelas palavras de Cristo. Assim como Ele preveniu seus discípulos quanto à destruição de Jerusalém, dando-lhes um sinal da ruína que se aproximava para que pudessem escapar, também advertiu o mundo quanto à destruição final, e nos deu sinais de sua aproximação para que todos os que queiram, possa fugir da ira de Deus, mais próxima a cada dia, cada hora, cada minuto. Declara Jesus: “E haverá sinais no Sol, na Lua, nas estrelas; e na terra angústia das nações” (Lucas 21:25); (Mateus 24:29); (Marcos 13:24 ao 26); (Apocalipse 6:12 ao 17). Leiam essas passagens, depois continuem a leitura.

Os que contemplam os prenúncios de sua vinda, devem saber que “está próximo às portas” (Mateus 24:33). “Vigiai, pois” (Marcos 13:35), são Suas palavras de advertência. Os que atendem ao aviso não serão deixados em trevas, para que naquele dia os apanhe desprevenidos. Mas aos que não vigiarem, “o dia do Senhor virá como o ladrão na noite” (I Tessalonissenses 5:2).

Quero dizer algo aqui de suma importância e mais que significativo, e em nome de Jesus de Nazaré, o verbo, que se doou por todos nós na cruz para que pela justificação de nossos pecados por Ele nos tornássemos justos, mediante à graça de Deus, no nome dele, e pelo Seu nome que digo, ciente de que não seria tolo, ao ponto de por menor e mais insignificante que seja, tentar diminuir ou aumentar alguma coisa do Evangelho que nos é apresentado nas Sagradas Escrituras.

O mundo não está mais preparado para dar crédito à mensagem para esse tempo do que os judeus estiveram para receber o aviso do Salvador, relativo à Jerusalém. Venha quando vier, o dia do Senhor virá de improviso aos ímpios. Correndo a vida em sua rotina, encontrando os homens distraídos nos prazeres, negócios e ambição de ganho e lucro, mesmo os que buscam isso através da religião; estando os dirigentes do mundo religioso a engrandecer o progresso de seus impérios denominacionais e pessoais, na veneração aos seus templos, cada vez com maior magnitude e beleza, conforto às almas de todas as classes sociais (selecionadamente por cada denominação e em cada bairro da cidade), na glorificação do mundo, e achando o povo embalado em uma falsa segurança, então, como o ladrão à meia noite rouba na casa de quem não é guardada, sobrevirá repentina destruição aos descuidados e ímpios, “e de nenhum modo escaparão” (I Tessalonissenses 3 ao 5).

Deixo aqui todo Pedro, capítulo 2.

1 Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais Introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.
2 E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade;
3 também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita.
4 Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo;
5 se não poupou ao mundo antigo, embora preservasse a Noé, pregador da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios;
6 se, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à destruição, havendo-as posto para exemplo aos que vivessem impiamente;
7 e se livrou ao justo Ló, atribulado pela vida dissoluta daqueles perversos
8 (porque este justo, habitando entre eles, por ver e ouvir, afligia todos os dias a sua alma justa com as injustas obras deles);
9 também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados;
10 especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas concupiscências, e desprezam toda autoridade. Atrevidos, arrogantes, não receiam blasfemar das dignidades,
11 enquanto que os anjos, embora maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor.
12 Mas estes, como criaturas irracionais, por natureza feitas para serem presas e mortas, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção,
13 recebendo a paga da sua injustiça; pois que tais homens têm prazer em deleites à luz do dia; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em suas dissimulações, quando se banqueteiam convosco;
14 tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecar; engodando as almas inconstantes, tendo um coração exercitado na ganância, filhos de maldição;
15 os quais, deixando o caminho direito, desviaram-se, tendo seguido o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça,
16 mas que foi repreendido pela sua própria transgressão: um mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta.
17 Estes são fontes sem água, névoas levadas por uma tempestade, para os quais está reservado o negrume das trevas.
18 Porque, falando palavras arrogantes de vaidade, nas concupiscências da carne engodam com dissoluções aqueles que mal estão escapando aos que vivem no erro;
19 prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo.
20 Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo pleno conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, ficam de novo envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro.
21 Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado.
22 Deste modo sobreveio-lhes o que diz este provérbio verdadeiro; Volta o cão ao seu vômito, e a porca lavada volta a revolver-se no lamaçal.

“O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (Atos 17:24 e 25).

Valew